Maldito o dia em que coloquei meus pés neste lugar

Maldito o dia em que coloquei meus pés neste lugar, é uma frase que eu tenho repetido muito nos últimos anos, porque muita coisa ruim aconteceu na minha vida e na minha família desde quando nós saímos de Fortaleza pra vir morar nessa cidade do interior. Nós passamos e ainda estamos passando por humilhações e dificuldades que antes de virmos morar nessa cidade nós nunca teríamos imaginado passar por isso, eu penso que tenha sido obra de macumba que fizeram contra nós. Foi no dia 08/07/2000 que nós fizemos a mudança de casa e de cidade, eu com 11 anos e meu pai viajamos na caçamba do caminhão junto com meu gato, o snoopy meu cachorro e todos os nossos móveis e pertences enquanto a minha mãe e meu irmão que tinha 6 anos viajaram na cabine do caminhão que era usado pra transportar bananas. Depois de mais de duas horas de viajem nós chegamos de noite, o caminhão parou em uma rua larga e com casas grandes e boas eu olhei pra uma das casas e pensei que seria onde nós íriamos morar mas eu me enganei, nós iriamos morar em uma vila de casas que ficava em uma rua estreita onde o caminhão não conseguia entrar, então meu pai e os ajudantes do caminhoneiro começaram a descarregar os nossos móveis e eu, meu irmão, minha mãe, meu pai, meu gato, meu cachorro e nossos móveis ficamos espalhados na rua, a casa onde nós íamos morar era um muquifo e estava ocupada por pessoas que alugaram a casa, o meu pai foi procurar o homem que vendeu a casa pra ele e ele não estava em casa tivemos que esperar na rua e começou a juntar muita gente favelada pra assistir aquela situação eu olhava pra eles e não entendia a curiosidade deles, depois de um tempo o vendedor da casa apareceu com a esposa dele e o filho que era criança, os locatários tiveram que sair e levar seus móveis pra outra casa próxima que também pertencia ao vendedor da casa, quando nós entramos no muquifo foi decepcionante ao vermos os pequenos cômodos com paredes e pisos feios e sujos e banheiro entupido transbordando merda, nós ficamos espremidos entre nossos móveis que mal couberam dentro do muquifo, foi difícil dormir aquela noite tinha muitos pernilongos tantos que meu pai queimou um pano dentro de uma lata pra fazer fumaça e espantar os pernilongos, meu pai teve que ouvir muita reclamação da minha mãe que na maior parte do tempo aguentou calada mas queria confiar na decisão do meu pai, o meu pai era o tempo todo muito otimista dizendo que iria reformar a casa e iria ficar melhor, ele nunca quis admitir a burrada que ele fez. A minha mãe chorou de desgosto durante 15 dias. A adaptação foi difícil a mentalidade e o comportamento das pessoas dessa cidade do interior era muito diferente da nossa. Depois de alguns meses foi feita uma reforma na casa que fez ela ficar mais agradável pra viver. Depois que veio morar aqui o meu pai não conseguiu um emprego, nos primeiros anos meus pais tentaram conseguir dinheiro com uma pequena mercearia e vendendo carvão que era muito usado por aquelas pessoas pobres que cozinhavam seus alimentos em fogareiros algo que nós passamos a fazer também. A mercearia não rendia o suficiente pra nos manter e foi fechada, em 2003 a minha mãe teve que fazer o sacrifício de ir trabalhar como empregada doméstica em uma casa onde ela passou por muitas humilhações pra trazer dinheiro pra dentro de casa, enquanto que meu pai trabalhava plantando feijão, milho e sei lá mais o quê nas terras de um fazendeiro da cidade pra esse fazendeiro ele vendia os legumes e as vezes trazia pra gente comer mas o dinheiro que meu pai recebia era uma micharia uma vez por ano, a minha mãe foi quem sustentou a família durante esses 15 anos em que moramos aqui. O meu pai nasceu nessa cidade na zona rural e quando tinha 20 e poucos anos foi morar em Fortaleza na casa de parentes, ele conheceu a minha mãe quando os dois trabalhavam em uma fábrica de castanhas, a minha mãe foi quem gostou dele primeiro por causa da beleza dele, ela pediu uma amiga pra falar pra ele que ela tinha gostado dele e assim eles começaram a se conhecer. É triste pensar que meu pai saiu do campo começou a vida trabalhando na agricultura e voltou pro interior pra terminar a vida trabalhando como agricultor. Eu tive muitos problemas de saúde, o primeiro foi a depressão, depois ceratocone, e outros problemas psicológicos como fobia social, falta de memória, e etc. O meu irmão teve epilepsia. Nós estamos fragilizados depois de 15 anos vivendo nesse pequeno inferno que é o lugar que nós moramos, não tem como explicar só quem vive isso é que sabe . Atualmente nós temos sofrido por causa de uns vizinhos que são usuários de droga e por causa do meu avô que é um idoso doente que todos os dias sente dores, ele chora, geme, fala mal dos meus pais e vive dizendo que quer ir embora daqui mas nenhuma outra filha faz empenho de ficar com ele, esse meu avô só ainda está vivendo com a gente porque os meus pais dependem do dinheiro dele pois até agora nem meu pai e nem minha mãe conseguiram se aposentar, o meu avô paga a minha mãe menos de um salário mínimo pra ela cuidar dele mas nenhum dinheiro paga toda humilhação que meus pais passam com ele. Quem viveu em um casarão nunca vai se conformar em viver em um casinha, a falta de espaço nessa casa tem sido um problema até hoje, os meus pais não tem mais quarto porque tiveram que ceder ao meu avô, nós temos que conviver no mesmo espaço com 10 gatos e um cachorro e todos os dias eu limpo xixi e merda deles. A casa que nós morávamos em Fortaleza era muito grande e tinha um quintal grande, a casa que nós moramos agora no interior do Ceará é pequena e não tem quintal. Eu fico indignado sempre que lembro que meu pai vendeu pra uma amiga dele aquele casarão bem localizado em Fortaleza por apenas 8 mil reais, ele quase não conseguiu encontrar outra casa pra comprar por esse preço, só pode ter sido macumba. Sempre quando eu volto pra essa casa eu sinto desgosto só de entrar na vila em que a casa fica, eu nunca vou me conformar. Eu já coloquei a casa pra vender mas sempre que aparece alguém pra comprar ele desiste ao saber que fica nessa vila que já tem fama ruim na cidade. Como última alternativa e na esperança de que alguém piedoso me ajude eu criei essa vakinha: www10.vakinha.com.br/VaquinhaE.aspx?e=315589

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