Memórias da infância #01

Nos anos recentes eu tenho me esforçado muito pra conseguir lembrar de situações que aconteceram e que eu vivenciei. As memórias de infância até os 12 anos são as mais dificeis de resgatar. Algumas cousas que eu me lembro eu consigo ter certeza que aconteceram mas tem outras lembranças que eu fico em dúvida se aconteceram. Hoje eu vou relatar o que eu consegui lembrar, muitas dessas lembranças eu demorei alguns meses pra lembrar.

Quando eu estudava da escola no ensino fundamental, por alguns dias o meu irmão que é 5 mais novo que eu, ficava me esperando chegar e quando ele me avistava chegando na rua ele abria o portão de casa descia as escadas e corria até mim pra me abraçar e as vezes pulava pra eu segurar ele nos meus braços, a minha mãe e meu pai ficavam olhando pra nós lá do balcão da bodega. Quase todos dias eu passei a levar dinheiro pra escola pra quando eu saisse eu comprar dois sorvetes com com cobertura de casca de chocolate que vendia numa casa ao lado da escola. Eu levava os sorvetes nas mãos até a minha casa que era um pouco longe e no caminho vinha derretendo e pingando mas quando eu chegava ainda dava pra comer.

Mas um dia eu fiz algo infeliz. Quando o meu irmão que tinha talvez 3 ou 4 anos veio correndo até mim, eu dei um tapa na cara dele, ele voltou chorando pra casa. Uma vizinha e colega dos meus pais viu da casa dela essa cena e de lá gritou: não faça isso com seu irmão não, ele gosta de você. Acho que nessa hora a filha dela saiu pra olhar o que aconteceu. Eu fiquei com muita vergonha. Acho que depois ela ainda foi lá em casa falar sobre isso com a minha mãe. O motivo de eu ter batido nele é que eu estava com raiva dele talvez por ele ter pego algo meu e não me devolveu. O meu irmão fazia muito isso, ele mexia em uma caixa com meus brinquedos que eu guardava embaixo da minha cama e as vezes eu notava que estava mexido e faltava algum objeto meu, isso dava muita briga entre nós, até eu conseguir recuperar o que era meu e as vezes ele estragava o meu brinquedo.

Nessa mesma escola na hora do recreio tinha uma assistente de saúde bucal que vendia alguns salgadinhos ou chilitos na sala dela. Sempre que eu tinha dinheiro eu comprava um pacote de chilito de picanha eu gostava muito e as vezes eu comprava vários pra levar pra casa pra minha mãe e meu irmão exprimentarem, o meu pai não gostava de receber comida dos filhos dele pois ele preferia ver a gente comendo satisfeito.

Nessa escola uma vez por semana os alunos saiam das clases pra assistente de saúde bucal colocar flúor na boca das crianças e nós tinhamos que ficar 1 minuto bochechando o flúor, tinha um jeito certo de bochechar que ela ensinava, ela sabia depois que a gente cuspia, o cuspe era pra está parecendo uma espuma. Eu ficava orgulhoso porque o meu bochechamento sempre estava correto. Essa mesma assistente bucal também extraia dente na sala dela dentro da escola. O aluno colocava o nome lá na lista dela e esperava o dia pra ser chamado. Uma vez eu estava na terceira série e alguém veio me chamar pra extrair um dente que já estava mole. Os outros alunos ficavam alegres por mim e com inveja porque no dia que extraia o dente o aluno tinha que ir pra casa, ficava livre da aula, muitos alunos desejavam isso. Aí eu levei a minha mochila e fui pra sala dela, lembro que eu deitei na cadeira de dentista e fiquei com medo de sentir dor, não lembro muito bem mas eu fiquei receioso, ela conversou comigo e conseguiu extrair o dente ou fazer obturação. Lembro que ela falou pra eu não podia mas mascar chiclete e explicou que o açucar causa cárie, mas eu não concordei. Depois eu fui sozinho a pé pra minha casa.




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